Risco Cardiovascular e probióticos

Título original: Reação intestinal: Como as bactérias em sua barriga podem afetar seu coração.
Originalmente postado por Health Harvard.

Projetado por Nensuria - Freepik.com

Você conhece o velho ditado, o caminho para o coração de um homem é através do seu estômago? Acontece que há uma nova reviravolta para esse cliché. (E só para ficar claro, isso se aplica para mulheres, também).

Você provavelmente está ciente de que o que come desempenha um papel na saúde do seu coração. Agora, cientistas estão buscando saber mais sobre como as trilhões de bactérias que habitam as profundezas do seus trato digestivo podem interferir no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Coletivamente conhecidos como microbiota intestinal, esses micróbios ajudam na digestão, mas também produzem vitaminas, eliminam toxinas e melhoram seu sistema imunológico. Na última década, cientistas descobriram ligações entre diferentes tipos de microbiotas intestinais e o desenvolvimento de obesidade e diabetes - dois fatores intimamente ligados ao aumento no risco de doenças cardíacas. Recentemente, muitos estudos têm explorado como nossa microbiota intestinal interage com a comida que comemos e estimulam a inflamação e estreitamento arterial. Esses achados científicos são preliminares, mas experts esperam que eles um dia guiem uma recomendação alimentar personalizada ou outras terapias para diminuir o risco de doenças cardiovasculares.

Lesão arterial

O estudo inicial que descobriu a conexão entre microbiota intestinal e doenças cardiovasculares foi realizado pela Clínica Cleveland. Eles descobriram que quando a microbiota intestinal se alimenta de uma substância química chamada colina (encontrada em ovos, carne vermelha e produtos derivados do leite), produzem um componente chamado TMA. No fígado, TMA é convertido em TMAO, que causa o endurecimento das artérias (aterosclerose) em ratos e está ligada ao aumento no risco cardiovascular em humanos.

"Pela primeira vez, eles mostraram como a relação entre um componente alimentar, metabolismo bacteriano e metabolismo humano pode gerar consequências para os vasos sanguíneos", diz o cardiologista Dr Joseph Loscalzo, que integra o departamento de medicina no Brigham and Woman's Hospital, afiliado à Harvard.

Evitando bloqueios

Os pesquisadores então testaram uma molécula que bloqueia a produção de TMA, a qual deram aos ratos propensos à aterosclerose, de acordo com seus genes e uma dieta rica em gordura. A molécula, chamada DMB, está naturalmente presente em óleo de oliva e vinho. Os ratos que receberam DMB em sua água apresentaram artérias mais saudáveis e limpas do que os que não receberam.

Recentemente, pesquisadores chineses descreveram uma abordagem diferente, mas relacionada à prevenção de lesões nos vasos sanguíneos de ratos pré-dispostos a aterosclerose. Eles descobriram que dando aos ratos uma cepa específica chamada Akkermansia muciniphila, puderam prevenir inflamação - resposta imunológica persistente e crônica que contribui para a formação de placas de gordura nas artérias. O efeito foi maior junto à uma proteína capaz de "apertar" a junção entre as células no revestimento interno intestinal, explicou Dr Loscalzo. Como resultado, menos toxinas vindas da alimentação puderam passar do intestino para a corrente sanguínea, que por sua vez reduziu a inflamação.

Exame intestinal

Juntos, esses resultados sugerem que alterando a microbiota intestinal de diversas maneiras pode-se minimizar a lesão nos vasos sanguíneos, diz Dr Loscalzo. Também há evidências de que a microbiota intestinal pode influenciar os níveis de colesterol e outras gorduras na corrente sanguínea, assim como a pressão arterial. 

Mas por enquanto, é muito cedo para oferecer qualquer recomendação específica baseada nesses estudos. A microbiota humana é única, o que torna difícil definir exatamente o que constitui um intestino saudável.  Entretanto, uma maior combinação de bactérias parece ser mais saudável do que a limitação a uma só. Pessoas com uma alimentação tradicional, baseada em dieta mediterrânea ou asiática tendem a ter uma maior diversidade intestinal de bactérias do que americanos e europeus, cujas dietas são carregadas de carne vermelha, açúcares e outros carboidratos refinados, e pobres em frutas e vegetais. 




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como organizar o cardápio semanal de maneira prática

Qual seu peso ideal?

Ciclo da alimentação consciente: Eu estou com fome?!